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Lembro Como Se Fosse Amanhã

Lembro como se fosse amanhã. João Marcelino Pantoja Rodrigues - Poesias, crônicas, contos. Editora Metamorfose, 2015.

 

João Marcelino Pantoja é natural da cidade de Breves, Ilha do Marajó, terra de um outro estimado escritor paraense, Dalcídio Jurandir. O escritor marajoara, João Marcelino Pantoja, passou por recentes premiações, como o Prêmio UFPA PROEX de Literatura na categoria Poesia (2011), crônica e conto (2012); e fora selecionado no 7º Festival Internacional de Sonetos, da Academia Jacarehyense de Letras - SP/2013 e no 4º e 5º Concurso de Microcontos de Humor de Piracicaba - SP/ 2014 e 2015.

 

176! Eis o número de páginas que nos conduz a uma leitura desapertada. O livro é um comunicado aos que apreciam a boa leitura. Sem exageros, a escrita espontânea do autor nos permite enxergar um texto que não se esconde por trás de devaneios normativos, é fácil, claro e aprazível.

A poesia apresentada no livro mostra-nos que poesia é tudo aquilo que nos toca, e o que nos toca nos marca, e o que nos marca se imortaliza, ainda que numa fração de tempo ou numa estrofe de quatro linhas. Sempre achei a poesia o maior desafio de qualquer escritor. Poesia é uma ponte que alguns escritores se arriscam a atravessar, cercados pelo abismo do escrever e sentir, todavia, o autor parece ter criado asas que lhe permitem voar, para onde lhe conduz o sopro poético, e aí está o desafio: as asas da palavra! "invento-me e reinvento-me migrando", um verso que denota toda a sensível criatividade do autor. Ora, qual a necessidade de nos reinventarmos? Por que migrar? Posso declarar que a poesia é a linguagem inventada da realidade, reinventada de fantasias, e, por fim, migrada de sonhos.

As crônicas presentes no texto são conteúdos da realidade belenense, memórias presentes no cotidiano, e por momentos esquecidas. Croniquece para janela enguiçada é o retrato do ordinário viver na cidade, "acostume-se à sentença/ Quanto maior a metrópole/ Maior a indiferença". A indiferença do homem ao seu congênere, a esmagadora insensibilidade de quem é só mais um em meio a tantos outros. Mas o que é a crônica senão um relato da realidade? Uma história sob a perspectiva de quem não anda no automático, assim responderia a pergunta. Pode parecer fácil, muito fácil, escrever uma crônica, e de fato é, quando se tem como ideia relatar o que se vê, no entanto Marcelino Pantoja acrescenta um toque de criatividade ao narrar os acontecimentos dos dias, a realidade da cidade endurecida, das pessoas enrijecida em concreto, do tempo amassado na fuligem da passeata moderna que insistimos em aceitar como estilo de vida.

Conto é o gênero literário que muito me desperta a atenção. O autor desenvolve seus contos com facilidades, da mesma forma que desenvolve a poesia e a crônica. João Marcelino Pantoja é um escritor completo. Atravessa a rua sem olhar para o lado! isso implica dizer que apresenta a perspicácia de entender o cotiano em que vive e o gênio de transformar a correria da vida em um recanto literário. O autor enxerga dentro do caos uma ordem de poesia.

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