PRAGMATISMO DAS FLORES

SOUZA, Airton.
Pragmatismo das flores / Airton Souza - Penalux:
Guaratinguetá, 2017.
92 p.: 21 cm.
ISBN: 978-85-5833-294-1
1. Poesia. I Titulo
Airton Souza é poeta e professor. Nasceu e Marabá, no Pará. Já venceu diversos prêmios literários, entre eles: Prêmio Proex de Literatura, promovido pela Universidade Federal do Pará - UFPA, 5º Prêmio Cannon de Poesia, Prêmio LiteraCidade de Poesia 2013, com o livro de poemas Faces dos disfarces, Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura 2013, com o livro de poemas Ser não sendo, IV Prêmio PROEX de Arte e Cultura, com o livro de poemas Manhãs cerzidas, III Prêmio de Literatura da UFES, promovido pela Universidade Federal do Espírito Santo, com o livro de poemas Cortejo & outras begônias, Prêmio Nacional Machado de Assis, promovido pelo Canal 6 Editora, 1º Lugar no Prêmio LiteraCidade Prosa 2014, 1º Prêmio Gente de Palavra 2017, organizado pela Editora Litteris, de São Paulo, 5º SFX de Literatura 2017, sendo o único vencedor nas categorias Contos e Poesia, Prêmio Carlos Drummond de Andrade 2017, promovido pelo SESC de Brasília, 1º Prêmio CAPT de Literatura 2017, obteve ainda menção honrosa no Prêmio Letrinha do Brasil, com o livro infantil Os dias dentro da saudade, foi finalista no Prêmio Kazuá de Literatura 2016, com o livro de poemas Um aceno aos girassóis. Em 2017 esteve entre os vencedores de mais de 14 prêmios literários, entre eles venceu o 1º Prêmio de Poesia Cruz e Sousa, promovido pela Editora do Carmo, de Brasília, e o Prêmio Vicente de Carvalho, promovido bienalmente pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, com Menção Especial concedida ao livro de poemas Crisântemos depois da ausência. Atualmente é mestrando de Letras, com ênfase nos estudos literário, pela Universidade do Sul e Sudeste do Pará.
No livro Pragmatismo das Flores a memória ocupa-se em dar sentido ao poema, bem como a perda é a essência da estrutura poética. Nos textos, dedicados ao pais do autor, há beleza e amargura, sendo a amargura causada pela perda. Walter Benjamin, filósofo, ensaísta e crítico literário, dizia-nos: Há em toda a beleza uma amargura /secreta e confundida que é latente / ambígua indecifrável duplamente / oculta a si e a quem na olhar obscura. Observemos a afirmação de Benjamin: “Há em toda beleza uma amargura”. Ora, a beleza aqui apresentada não limita-se somente a de aspectos físicos, se voltarmos os olhos para a harmonia dos poemas escritos em Pragmatismo das Flores veremos o apolíneo sofrimento no grafismo da poesia de Airton Souza.
A poesia de Airton Souza valida os versos de Carlos Drumnond de Andrade:
“Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão”.
Pragmatismo das Flores é a ária da poesia monumental, tais memórias são herança do passado, que embora vivo, transforma todo o sentimento do ontem no monumento poético de hoje.
Pai, te tomo as mãos
com a ideia de conviver
a perda de teu olhar vazio
& o corpo que exista
Amontoará depois o lembrar
de querer outros dias
A teia de versos nos permite, não somente, construir as estrofes poéticas, mas a consciência do sentido. Os poemas, lidos a partir da observação da memória, pintam uma tela em branco que dispomos ao autor. Verso a verso a poesia vai pincelando imagens em nosso espírito. Qual pincel transborda de sentimentos policromados Pragmatismo das Flores? O pincel da palavra. Temos então o poema da memória, dos versos imagéticos e metafóricos.
a única vez que colhi pedra
em seu estado de memória, mãe
a rua de antes
expandiu-se para além do mundo
A palavra busca a imagem, a imagem deambula na memória, e a memória integra o sentido. A tríade imagem-memória-sentido, perfeitamente ligadas, debulha o grão de poesia semeado nas páginas do livro. Airton nos traz, na metáfora de sua agonia, a linguagem única de sua poesia, “a ausência é um estar em mim” (Carlos Drummond de Andrade).
mãe, na palavra entro
tinteiro inteiro
o denso rio da língua/gem
lavro espamo
sangro o sacro verbo
no branco da página
Para Airton Souza, podemos citar o que Octavio Paz, poeta e ensaísta mexicano, disse sobre a poesia:
A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Pão dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. Convite à viagem; regresso à terra natal(...). Oração, litania, epifania, presença.
O poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova de da supérflua grandeza de toda obra humana!
Pragmatismo das Flores faz jus aos prêmios recebidos, Airton Souza faz jus ao título de poeta. Em verdade, eis aqui um nome que surge, cresce e floreia esta “terra de gigantes”. Um poeta que semeia a palavra para colher poesia. E ao livro, encaixam-se as palavras de Saramago:
A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa.
Por fim, não há palavras que exprimam o sentimento de Pragmatismo das Flores, há, contudo, o meu sentimento de leitor que reproduz-se em uma palavra: encantador!